10 de abril — minha escrita e o meu “vem aí”

Eu começo essa Newsletter dizendo que sim, eu sumi, e não, eu não tenho defesa nenhuma. Eu até tinha falado um pouquinho sobre precisar ficar afastada pra conseguir trabalhar melhor no que tava escrevendo, mas talvez tu não me siga no Twitter. De qualquer forma eu acho que seria legal falar um pouco de como anda todo esse processo de escrita.

Num geral, eu sou uma escritora arquiteta que gosta muito de jardinagem. As escaletas e planejamentos no Notion fazem parte do processo de criação das minhas histórias, mas algumas sementinhas sempre florescem diferente do que eu tinha planejado. E isso fez com que meu lançamento de fevereiro tenha sido adiado até agora, na verdade.

Eu comecei a escrita de MTLBS no meio do ano passado, na semana que começaria o segundo semestre na faculdade. O semestre do meu TCC. A próxima Newsletter vai ser só pro livrinho, então não vou me aprofundar muito em como foi a escrita dele, mas a primeira versão teve um ponto final em 05 de novembro de 2023. Entre o início do vem aí e até depois do final da primeira versão eu intercalei a escrita dele com a pesquisa e escrita do meu TCC — que ainda pode ser um assunto temido por aqui, então cuidado com as palavras. Mas eu tô contextualizando isso pra explicar como meu processo mudou nos últimos meses.

Cada um dos meus livros teve o seu jeitinho de ser escrito. Eu não fazia ideia de como escrever um livro quando escrevi Ampária, e em Os 13 Contos de Matias Petrus eu queria colocar tudo o que tinha aprendido sobre escrita. Os Que Esperam Nas Sombras era pra ser um livro mais curtinho, uma coisa nova — não foi, é o meu maior livro. E eu achei que sabia exatamente o que tava fazendo com MTLBS, mas acho que tentar prender a escrita numa caixinha de como foram as experiências anteriores não funciona tão bem assim pra mim. Eu terminei MTLBS mas definitivamente não foi um ponto final com gostinho de satisfação. 

Quando eu decidi escrever esse livro em conjunto do TCC eu sabia exatamente o buraco que tava me metendo e eu tomei essa decisão de forma consciente. E talvez eu tenha subestimado a dificuldade de fazer essas duas coisas ao mesmo tempo.

Mas se você me perguntar se eu faria tudo de novo do mesmo jeito, a resposta vai ser um sim. Sim, eu surtei um milhão de vezes, mas se não fossem por essas decisões, eu não teria o livro que eu tenho agora — nem estaria no mesmo lugar, que às vezes pode não ser o mais emocionalmente confortável, mas é bom o suficiente pra mim. Sim, eu me enfiaria no mesmo buraco outra vez. Só se vive uma vez, sabe?

MTLBS teve uma reescrita pesada, e isso inclui mudar um monte de coisas na narrativa, pontos, situações, cenas e personagens — porque eu queria que tudo escrito ali fosse o mais lindo e refletisse o quanto eu amo a Rina e a Liana. Eu jamais poderia lançar a versão que estaria pronta pra fevereiro e ficar orgulhosa dela, então tudo bem, eu sabia que podia fazer mais e trabalhar com mais paixão nas palavras. Menos um completar tarefa e mais terminar um capítulo com o coração quentinho — ou doendo, o que também faz parte. As minhas meninas mereciam, eu merecia e meus leitores também.

Trecho antecipado da sinopse de “MTLBS”

Eu quero que tudo que eu escreva possa tocar o coração de vocês de alguma forma.

Desde o final de MTLBS eu percebi que minha escrita me exige de uma forma diferente da que a parte acadêmica pede. Parece ser meio óbvio falando assim, mas não era antes, pelo menos não pra mim. Acho que eu não tinha percebido a conexão emocional que eu tinha criando uma história até tentar escrever ela enquanto precisava pensar de uma forma totalmente diferente com o meu artigo. Não dá pra ser metódica e acadêmica quando você precisa rasgar seu coração nas páginas — porque não tem nada que eu ame mais do que ser emocionada e cheia de floreios.

Assim como eu senti que eu — e tantas outras coisas, também — mudei, meu processo de escrita mudou, sem fórmulas secretas ou receitas de bolo. Só escrever, mesmo que seja no intervalo entre um projeto de freela e outro, pelo menos por enquanto. Porque quando eu comecei a escrever, eu queria compartilhar as histórias que eu ficava matutando sozinha. Quase dois anos depois do meu primeiro lançamento eu já sei muito bem como o mercado funciona, e eu sei que priorizar uma paixão pelas frases bonitas e o vinculo emocional entre os leitores e os personagens não é nada mainstream da minha parte. E tudo bem. Essa é a minha escolha, pelo menos por agora. Não vou conseguir escrever um livro a cada três meses, nem dedicar todo meu amor por cada personagem se eu não mergulhar nele. E eu preciso de tempo pra isso.

Quero deixar claro que isso não significa que autores que produzem rápido e lançam vários livros não amam e se dedicam completamente nas suas histórias — eu tenho certeza de que fazem sim. É só como a minha realidade de escritora funciona.

Dito isso tudo, finalizo compartilhando com vocês que MTLBS tá vindo aí no mês que vem, na edição mais linda do mundo todo e eu tô muito ansiosa pra entregar mais esse livrinho pra vocês, que me acompanham com tanto carinho. Eu só tenho a agradecer.

Você me encontra em @juleskflorian no Twitter, Instagram e Tiktok!

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